Evitação na Lente da Psicanálise: Quando Fugir Torna-se um Sintoma
- Tainar Undália
- 25 de fev.
- 2 min de leitura
A evitação é um mecanismo psicológico amplamente discutido na psicanálise. Trata-se da tentativa inconsciente de escapar de situações, sentimentos ou pensamentos que despertam angústia.

Embora em algumas circunstâncias a evitação possa parecer funcional, quando se torna um padrão recorrente, revela um sintoma mais profundo que merece atenção.
Na teoria psicanalítica, a evitação pode ser entendida como uma forma de recalque ou repressão. Freud descreveu como, diante de conteúdos psíquicos dolorosos, a mente pode empurrá-los para o inconsciente, impedindo que cheguem à consciência. No entanto, esse bloqueio não os elimina; ao contrário, esses conteúdos retornam de formas variadas, como sintomas físicos, ansiedades ou comportamentos compulsivos.
Tipos de Evitação e Seus Impactos
Evitação Emocional:
A pessoa foge de sentimentos desconfortáveis, como tristeza, raiva ou culpa, reprimindo-os ou distraindo-se excessivamente.
Pode resultar em dificuldades nos relacionamentos e na incapacidade de lidar com situações desafiadoras.
Evitação Comportamental:
O indivíduo evita pessoas, lugares ou experiências que possam gerar sofrimento psíquico.
Essa estratégia pode limitar a vida do sujeito, restringindo oportunidades de crescimento.
Evitação Cognitiva:
Ocorre quando há uma recusa inconsciente em refletir sobre questões internas, o que impede o autoconhecimento.
Pode gerar dificuldades na elaboração de traumas e conflitos.
O Inconsciente e a Necessidade de Enfrentamento
Evitar não resolve o problema, apenas o desloca para outra área da vida. O que foi reprimido retorna de outras formas, muitas vezes mais angustiantes. O trabalho terapêutico consiste em trazer para a consciência aquilo que foi evitado, permitindo a elaboração e ressignificação dos conflitos internos.
Através da associação livre, da interpretação dos sonhos e da análise do discurso, o paciente pode se aproximar dos conteúdos inconscientes e compreendê-los. Ao enfrentar aquilo que teme, ele se fortalece e se liberta dos padrões de evitação.
Como Romper com o Círculo Vicioso da Evitação?
Reconhecer o Padrão: Observar os momentos em que a evitação acontece já é um grande passo para ressignificá-la.
Explorar os Medos: Perguntar-se "O que estou evitando?" pode trazer à tona aspectos psíquicos que precisam de atenção.
Buscar Ajuda Terapêutica: Um analista pode ajudar a acessar e elaborar conteúdos inconscientes que sustentam o padrão evitativo.
Praticar o Enfrentamento Gradual: Pequenos enfrentamentos diários, sem pressão excessiva, ajudam na construção de uma maior tolerância à angústia.
A evitação é uma tentativa de lidar com o sofrimento, mas, ao longo do tempo, torna-se um obstáculo ao crescimento emocional. A psicanálise nos convida a enfrentar aquilo que evitamos, não como uma imposição, mas como uma jornada rumo à integração e ao autoconhecimento. Afinal, o que evitamos pode ser exatamente aquilo que precisamos compreender para nos libertarmos.
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